História da Falcoaria

Entre os historiadores não há um consenso de quando e onde o homem começou a treinar as aves de rapina para caçar. Entretanto, há evidên­cias que indicam que os povos nômades da Ásia Central, Índia e Oriente Médio já praticavam a fal­coaria alguns milênios antes do início da era Cristã, para obtenção de alimento. Diversos textos antigos e pinturas em porcelana de­monstram que na China, os nobres da dinastia Heian (2.205 a.C.) costumavam ser presenteados com fal­cões, entretanto, isto não prova que os chineses já praticassem a arte naquele período.

Nos registros de Marco Pólo, datados de 1.271 a.C., há a primeira evidência substancial do emprego da falcoaria, durante as campanhas mili­tares de Kublai Khan, como uma forma de esporte ou para a obtenção de alimento, com a formação de caravanas compostas por 10.000 falcoeiros res­ponsáveis pelo manejo de inúmeras águias, falcões e gaviões. Por volta de 244 d.C. os coreanos aprende­ram a manejar as aves de rapina para caçar, e em 355 d.C., foram responsáveis por ensinar e enviar aves de rapina da península coreana para a corte do imperador japonês Nintoku (cf. documentos es­critos Ninhonshoki). Por volta do ano 500 d.C. os japoneses adestraram cães para usarem na prática da falcoaria.

Conforme alguns documentos, na região entre a Índia e Paquistão, a utilização de gaviões do gênero Accipiter para caça, já se encontrava bem estabelecido por volta do ano 600 a.C.
Já para o Oriente Médio, uma das peças arqueológicas mais co­nhecidas que revelam a prática da falcoaria, é um baixo-relevo as­sírio, encontrado nas ruínas de Khorsabad, durante as escavações do palácio de Sargão II. Entretanto, parece haver controvérsias a respeito da sua datação correta, havendo menções de data para 1.700 a.C., 1350 a.C. e 722 a 705 a.C.

Os europeus aprenderam a falcoaria com os árabes. Na Espanha, a descoberta recente de peças arqueológicas, demonstrando cenas de fal­coaria, indicam que no ano 300 d.C. a arte já estava sendo empregada na região oriental deste país.

Com a chegada das grandes navegações, descobriu-se que a falcoaria florescera de forma paralela no continente americano. Os primeiros relatos da existência deste tipo de atividade nas Américas datam do século XVI e foram feitos por Cortês, o famoso conquistador espanhol, que descreveu a presença de falcões treinados mantidos pelo rei astecaMontezuma, no México. A partir de 1792, com a fundação do High Ash Club, em Londres, na Inglaterra, os entusiastas começaram a se organizar em clubes e associações, dando início ao processo de modernização da prática com a formação de aviários e intercâmbio de espécies, adoção de novas tecnologias, uso de fichas de acompanhamento individual, estudo e difusão das técnicas de treino utilizadas em outras regiões, como Arábia, Espanha, Japão, etc.

Falcoaria no Brasil

Embora os portugueses tivessem conheci­mento sobre a falcoaria, na época do descobrimen­to do Brasil, e tenham enviado espécies daqui para serem usadas na Europa, não há relatos de que te­nham tentado praticá-la no solo Tupiniquim. A exis­tência de grandes florestas cobrindo quase todo o país pode ter contribuído por desestimular seu uso aqui. Pode-se dizer que o estopim da falcoaria no Brasil, está relacionada ao advento da internet, que facilitou as pessoas informar-se sobre a arte com falcoeiros de outros países e continentes. Também, com a internet os processos para obtenções de li­vros escritos no idioma inglês e espanhol foram facilitados.